No primeiro momento, a glória é casta. Desde garotinho, a minha vida fora a desesperada busca da mulher primeira, única e última. No período da fome, o amor passara a um plano secundário ou nulo. Mas a glória é ainda mais obsessiva, mais devoradora do que a fome. Eis o que eu queria dizer: com o artigo de Manuel Bandeira, só eu existia para mim mesmo. Tudo o mais era paisagem.
Sim, ainda me lembro do primeiro dia do artigo de Manuel Bandeira. Depois do trabalho, fui para casa. Tranquei-me no quarto como se fosse praticar um ato solitário e obsceno. Comecei a reler o poeta. Primeiro, repassei todo o artigo, da primeira à última linha. Depois, reli certos trechos. O final dizia assim: - “Vestido de noiva, em outro país, consagraria um autor. No Brasil, consagrará o público”. Antes de mais nada, o poeta influiu na minha auto-estima.

Nenhum comentário:
Postar um comentário